quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ausentar-se




Vou te escrever sobre as belezas da sublime natureza
De um céu azul e límpido
Vou te dizer do calor que faz aqui
E da chuva que passa lá fora

Vou te dizer de glórias passadas
De vidas ditas certas que a mim não significam nada
Desviar-te da torrente de paixões e felicidades que sou eu mesmo
Vou passar longe de minha janela e descrever outras mais belas

Contar-te de pernas tão belas
Que nas calçadas observei a passar
Vou mostrar uma visão de um mundo a girar
De cores de vestidos, de cheiros expelidos
De apelidos carinhosos nunca proferidos por este que vos fala

Fazer um belo de um desvio
Contornando esse rio caudaloso
Que corre por dentro
Do monumento em construção que se diz eu
Mas que não diz nada

Talvez devesse me atirar de peito à queda livre
Mas talvez seja melhor mudar de assunto
E dizer ao mundo
Algo que não diz sobre mim, pelo bem da beleza estética e moral da vida
Abstenho-me do eu


Por: Wesley Grunge

Pensar é Ruim



Pensar dói, digo isso a sério
Sério e de cara feia
Pois nesse exato momento eu penso um pensamento
Maldito que busca o que a razão resolve afastar
E se a razão é pensamento
Maldita seja essa que pensa para justificar não mais pensar

Pensar sobre certa coisa dói
Pensar sobre não mais pensar nessa coisa dói
Porque ainda é pensar
Razão maldita que nem 1 litro de vodka resolve
Que nem em chuva ácida se dissolve

É torturar-se
Carrasco de si mesmo
É assim que se sente a razão de uma pessoa que pensa
E ainda que inconsciente se sonhasse
Maldita armadilha do pensar
volta ainda que pra esquecer

Por: Wesley Grunge


Distanciamento Quase Teórico



Ao manifestar-me ser imparcial
O mais racional e distante possível
Teórico de mim mesmo

Como se pudesse me controlar de cima e ver o jogo
Como se encontrasse na psicologia do outro
Como se pudesse acima do que sou
Ter a receita pronta
De um dia saudável e bom

Um cientista dos meus dias

É assim que se tenta justificar a perda
E a arte seca de ouvir-se o não
É a inutilidade sonora de uma melodia em vão
Que dantes antes só de magia se gabava
E hoje tenta formar-se em razão
Mas que é nada


Por: Wesley Grunge