sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Quartos



E fizeram-se os quartos
E neles nos isolamos
Neles nos escondemos
E perdemos o dom da fala
Queimamos a língua

E deixamos as salas vazias
As salas de estar empoeiradas
Onde nenhum amor e nenhuma conversa mais conviriam
Que dantes alegrias, agora calada

Criamos quartos em nós mesmos
E meu semblante fingido é a porta trancada
Meu sorriso é o mesmo
E é só de fachada

Por: Wesley Grunge

Janelas



O que me serviram no jantar
Logo após o primeiro constatar de que em meio a esse banquete
Esse deleite de tantos apetites e tantas mentiras
O que me serviram foram janelas

Boquiaberto e abandonado por toda a graça
Eu olhava através dessas vidraças
Dessas aberturas que nos previnem dos encontros

Eu observava a chuva de verão
E os encontros que pareciam mais feios
Os beijos molhados que pareciam mais sujos
Eu me escondia no canto

Minha sopa queimando minha língua
Minha indigestão e minha bílis
Meu observar intranqüilo desses devastadores sorrisos
Desses escandalizantes amores
É uma janela amarga que me servem
É uma olhar para o deleite que por mais que eu encare
Não posso tocar

Por: Wesley Grunge