Coisa bonita de se
ver
É o poeta que tudo
pode
Pegar uma palavra
Abri-la ao meio e
colocar uma cor, um sentimento
Bonito de se ver é
colocar um final feliz
Escrever um encontro
num conto de saudade
Tem coisa da verdade
Tem o choque do horror
do jornal da tarde
Bula de remédio,
manual de instrução
Uma palavra errada e
é dor de barriga, náuseas e choque elétrico
Tem coisa que é de
crença
Tem por aí tanto
evangelho falando da vida e dos destinos
Tanto ritual,
folclore, fantasia
E tem gente que
decora e leva a palavra pro resto do dia
Responsabilidade do
escritor
Que mata mil com a
ponta do lápis
Que mira o revolver e
causa os gritos
Coragem é não passar
a borracha antes do tiro
Fantasia de escritor
Aquele que faz
milagres e cria mundos, que mata, que ama
Que é nada e que é
tudo
Que faz de todo o impossível
um absurdo
Escritor de vida e de
morte, que quando escreve fim jamais ressuscita
Tolstoi matou Andrei
Outros foram presos
por Dostoievsky
Corre Forest, corre
Que a caneta não te
quer deixar parar
As paginas seguem, as
paginas crescem
São romances russos,
são contos de horror
São amor, filosofia e
história
Escreve-se aqui ate a
falta de memória
Ate a falta de bom
senso e de humor
E daqui saem eruditos
e sai a beleza nordestina de um cordel
E é leveza, é medo e
é cansaço
E das canetas saem
abraços e beijos e gemidos
Dos papéis também
saem preguiça, além de pressa
Tudojuntodeumavez
E o que tu faz aí
parado?
Corre pra vida,
escreve o teu estrago nas horas do dia
Quem não lê no viver
de um pôr do sol não escreve poesia no mundo
Não quero aqui papeis
amassados
Quero dois sorrisos
largos e lagrimas de alegria
E que a chuva molhe
essas páginas
Molhe nossas roupas e
molhe tudo o mais
Escreveremos na terra
molhada, nas paredes, nas calçadas, nas linhas dos nossos dias
de: Wesley Grunge