sábado, 26 de novembro de 2011

Declaração de alguém que ama a mulher traçada num poema




Mentiroso é o poeta
Que te desenha linda
Que te desenha bela
Mentiroso é o poeta
Que te faz casta, que te faz calma, que te faz discreta e que te faz séria

Eis o mentiroso que é poeta
Que te faz inocente, que te faz cega

Mentiroso é esse erotizador dos teus movimentos
Esse coletor de teu doce veneno

É um falsário

Mentiroso é esse enganador
Que usa em teus traços os traços da métrica

O poeta
Esse enganador
Criador do teu sorriso
Criador do meu amor
Criador do meu abismo
Criador dessas linhas
Criador de tudo o que é você meu amor entre linhas

Por: Wesley In chains

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Letras e Roupa Molhada




Coisa bonita de se ver
É o poeta que tudo pode
Pegar uma palavra
Abri-la ao meio e colocar uma cor, um sentimento
Bonito de se ver é colocar um final feliz
Escrever um encontro num conto de saudade

Tem coisa da verdade
Tem o choque do horror do jornal da tarde
Bula de remédio, manual de instrução
Uma palavra errada e é dor de barriga, náuseas e choque elétrico

Tem coisa que é de crença
Tem por aí tanto evangelho falando da vida e dos destinos
Tanto ritual, folclore, fantasia
E tem gente que decora e leva a palavra pro resto do dia

Responsabilidade do escritor
Que mata mil com a ponta do lápis
Que mira o revolver e causa os gritos
Coragem é não passar a borracha antes do tiro

Fantasia de escritor
Aquele que faz milagres e cria mundos, que mata, que ama
Que é nada e que é tudo
Que faz de todo o impossível um absurdo

Escritor de vida e de morte, que quando escreve fim jamais ressuscita
Tolstoi matou Andrei
Outros foram presos por Dostoievsky
Corre Forest, corre
Que a caneta não te quer deixar parar

As paginas seguem, as paginas crescem
São romances russos, são contos de horror
São amor, filosofia e história
Escreve-se aqui ate a falta de memória
Ate a falta de bom senso e de humor

E daqui saem eruditos e sai a beleza nordestina de um cordel
E é leveza, é medo e é cansaço
E das canetas saem abraços e beijos e gemidos
Dos papéis também saem preguiça, além de pressa

Tudojuntodeumavez

E o que tu faz aí parado?
Corre pra vida, escreve o teu estrago nas horas do dia
Quem não lê no viver de um pôr do sol não escreve poesia no mundo

Não quero aqui papeis amassados
Quero dois sorrisos largos e lagrimas de alegria
E que a chuva molhe essas páginas
Molhe nossas roupas e molhe tudo o mais
Escreveremos na terra molhada, nas paredes, nas calçadas, nas linhas dos nossos dias

de: Wesley Grunge

Poema de amor e vontade




O que eu quero é o entrelaço de teus braços
Confundir-me em teus abraços
A leveza do teu sorriso
E a profundeza dos teus olhos

Eu quero também tua confusão
Quero o assombro dos teus fantasmas
A ilusão das tuas fantasias
Porque sei que nem tudo é calma

Quero assim de tudo o que vier de ti
Junto de uma vez
Porque não quero só os detalhes
Eu quero o mais
Mais uma dose, mais um jorrar de tua alma, mais teu calor

Eu quero o calor dos teus lábios
O sabor da tua língua
O confundir-se de corpos e também o teu cansaço
Quero dormir também no teu sono profundo
Quero acordar primeiro, pra não perder o detalhe dos teus traços

Porque é nesse inteiro de tudo o que tu és
Que encontro a razão de tudo o que eu faço
Por esse sentimento sem sentido
Que voa livre nas asas de um pássaro chamado vontade de você.

domingo, 20 de novembro de 2011

Ser



Venha e abra seu sorriso louco
Dentes amarelos das nossas toscas alegrias
Disfarçadamente encontre teu caminho novo
No meio do povo escolha ser o rei do dia

Não escolha divindade e não escolha um governo
Inaugure o título de deus de si
E mesmo que seja
mesmo que seja só
Nada vale o gosto de ser
De ser
De ser você

Não te atraia pelos cantos da missa dos fracos
Não siga a procissão dos enganados
Não te sintas só para procurar o infinito
Solte teu grito
Solte teu grito
Seja o Deus, seja o criador dos teus mitos
Vai, vai, vai
Desça a montanha e constranja toda a certeza com teu riso

Não escolha divindade e não escolha um governo
Inaugure o título de deus de si
E mesmo que seja mesmo que seja só
Nada vale o gosto de ser
De ser, de ser, de ser

sábado, 19 de novembro de 2011

Profundo


Venham vermes
Despedacem esse corpo, corroam os ossos
Venham
Rasguem essa carne putrefata com ferocidade
Venham, venham em busca de verdade

Escutem ouvidos, surjam pelas paredes
Procurem olhos 
Por sinais visíveis

Venham doutores, com seus bisturis e sua necropsia
Naveguem pelas entranhas e procurem por mim
Tentem desvendar os mistérios

Venham vocês religiosos
Tragam seus padres e pastores
Tragam sua manada de mistificadores e fracos de toda a espécie
Invadam a tempestade de minhas dores com preces

Venham políticos, mercadores de gente
Venham vocês que roubam a vida
Que matam os famintos e que os alimentam de fé e de esperança nos eleitos

Cavem, cavem, cavem
Rasguem, corroam, rezem
Mas não chegarão a mim, ao fundo do meu ser
O que se esconde por trás desses nossos olhos é o infinito
O que se esconde por trás desses gritos é muito mais do que podem ouvir
O que se esconde por trás dessa fala é muito mais do que entende o seu entendimento
Por dentro somos muito mais que ossos, somos muito mais que as almas do misticismo
Somos o que somos
Somos muitos
Infinitos 

Minhas Vivencias no SWU


Minhas Vivencias no SWU

Tudo começa com a chegada em campinas depois de uma viagem de mais de 26 horas da Bahia ate a rodoviária dessa cidade onde encontro o Túlio (pernambucano), pegamos o ônibus e partimos pra Paulínia. No ônibus a gente encontra um Uruguaio com um instrumento de sopro engraçado que tem um som parecido com o de um sax. Vamos então tocando e cantando ate o camping do swu.
Calor de 35º e começa a montagem da barraca mais mal feita do swu, com a tempestade da tarde a mesma se quebra e então partimos com todos os nossos pertences para a Celularia, que tinha cobertura e servia ate o momento como abrigo da chuva, então começamos a tocar violão, esses são as primeiras músicas do que iria animar as noites no camping do dia 11 ate a manhã do dia 15 de novembro, o SWU 2011 estava começando ali. O tempo ia passando e mais gente aparecendo, alguns iam dormir, então outros assumiam os instrumentos e vocais, logo sempre tinha alguém no violão ou voz , ou percussão. Ao som de rock nacional, clássicos do rock e MPB as madrugadas se tornavam manhãs e ninguém queria dormir. 
Primeiro dia fui dormir às 4:30h tocando com o povo e acordei às 8:30h pro fórum, ver o Neil Young, aniversariante do dia pessoalmente, assistir a belas falas e o incrível projeto Guri tocando clássicos do rock foi um ótimo jeito de começar o festival, volta pro banho e depois andada ate o shopping para almoço e Chopp . Pela tarde os primeiros shows, reggae, Hip Hop, Pop Rock, Musica alternativa, Tenda Eletrônica, tinha pra todo mundo, e ao fim da noite mais uma rodada de violão, dessa vez com muito mais gente, inclusive empregados do festival que precisavam manter o plantão e foram ajudados pelos músicos amadores. Não se esquecendo da roda de capoeira improvisada, carregar o celular deixou de ser chatice pra se tornar atração regada a muita cerveja. 
Mais uma vez dormir à 4:30h e acordar às 8:30h para ouvir belíssimas falas, com destaque para a Marina Silva, é o começo do segundo dia de festival. Volta do fórum, banho, almoço, e galera reunida de capa de chuva dessa vez para o primeiro dia de Rock, Tedeschi Trucks band, a grande surpresa, Ultraje a Rigor, Chris Cornell, uma passada no New Stage pra ver o show com cara de ensaio do Hole, volta para os palcos principais, um show bonito, porém num momento errado do Peter Gabriel, já que todos esperavam a estrela maior da noite, o Lynyrd Skynyrd, que com uma performance incrível, foi responsável pelo show mais bonito do swu e também pelo momento mais bonito do evento, a música Simple Man, onde começa a chover, ganhei minha palheta do Guitarrista, passada na tenda pra conferir, umas latas de Heineken, e mais violão. Dessa vez pegamos pesado, a empolgação foi tanta que acabamos às 9:30h da manhã, não fui dormir e emendei direto para os show do ultimo dia do festival, sem dormir.

Então, rolou Violão o dia inteiro, a escorregadeira de lama, que foi algo que me lembrou muito o Woodstock, banho, um almoço que foi um sanduíche de calabresa e partimos pro show mais uma vez, Raimundos tocou o puteiro, e logo após parti para o palco Consciência, onde se apresentariam as bandas que eu mais queria ver, mais de 24h sem dormir e eu fui pegar grade, haja resistência, mas foi incrível, Loaded, Down, Sonic youth, Megadeth e Alice in chains, a melhor sequência de bandas num palco que tenho notícia em todos os festivais do mundo. Acabou o último dia de festival e eu estava extasiado e exausto, mas ainda dava tempo de ouvir os últimos acordes do Palco Grama, na celularia. De manhã, acordo, mas não posso sair por causa da chuva, então foi esperar ela passar sem levar a barraca com a gente dentro e pegar o ônibus pra casa para mais 26 longas horas de viagem sozinho ate minha cidade na Bahia.
O que fica é a sensação de satisfação por ter presenciado um evento incrível em prol da música e sustentabilidade, de ter presenciado os shows dos meus heróis, de ter conhecido número incrível de pessoas maravilhosas, Pernambucano, fada do Dente, Brasília, Ninfetinha, Seu Jorge e todos esses apelidos, das quais nunca me esquecerei, da lama, do calor, do frio, do sol, da chuva, e ficam também os planos de estar lá mais uma vez no próximo pra encontrar essa galera e presenciar esse evento que foi responsável por cinco dos melhores dias de minha vida.